Com as vendas aquecidas e o cruzamento industrial cada vez mais utilizado, a raça Canchim vive um momento áureo na pecuária nacional e é, cada vez mais, a melhor opção ao criador no mercado.
A pecuária de corte brasileira vive um momento de efervescência. Dados do Rally da Pecuária 2014 apontam que a terminação em confinamento no País deverá atingir 4,66 milhões de cabeças de gado em 2014, 310 mil a mais do que era esperado. O levantamento revelou, ainda, que a adoção do confinamento como estratégia de aumento de produtividade está associada a níveis 40% a 60% superiores na produção amostrada em comparação à anterior. Os técnicos do Rally da Pecuária constataram também que a produção de carne bovina nesse ano irá aumentar, chegando a 10,65 milhões de toneladas de carcaça. Os números significativos demonstram que a pecuária de corte do País – segundo maior produtor de carne bovina do mundo, vem crescendo nas Com as vendas aquecidas e o cruzamento industrial cada vez mais utilizado, a raça Canchim vive um momento áureo na pecuária nacional e é, cada vez mais, a melhor opção ao criador no mercado últimas décadas. Sem dúvida, um dos maiores aliados da produção de carne – se não for o maior – é o cruzamento industrial, que ganhou força na última década, impulsionado pelo avanço na utilização da prática de inseminação artificial, principalmente da IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo).
O cruzamento industrial é uma ferramenta indispensável ao pecuarista, que tem, entre seus principais objetivos, rapidez no retorno financeiro. Realizado entre animais de raças diferentes, tem a função de aumentar a eficiência na produção de carne, pois os produtos resultantes do processo apresentam precocidades sexual, de crescimento e de acabamento, agilizando e otimizando os resultados.
Comercialização aquecida
Com o aumento do cruzamento industrial, a raça Canchim se tornou a melhor opção à disposição do criador. Por possuírem na sua constituição genética 5/8 de Charolês, os animais Canchim transmitem aos seus filhos as características desejáveis dessa raça: tamanho, velocidade de crescimento, qualidade da carcaça e cor favorável da pelagem. Por outro lado, por possuírem 3/8 de Zebu, apresentam grande versatilidade em termos de adaptação a vários tipos de ambiente.
O mercado já está se rendendo “aos encantos” de utilizar touros Canchim para reprodução, prova disso é o aumento da procura pelos animais da raça, como diz o criador Raphael Antonio Nogueira de Freitas, da Fazenda dos Ipês, localizada em Aparecida do Taboado (MS). “Nos últimos quatro anos, temos tido maior procura pelo produto, com incremento médio da ordem de 8% ao ano”, afirma.
Na Fazenda São Tomé, localizada em Rio Verde (GO), o criador Dourivan Cruvinel de Souza comemora as vendas que fez nos últimos 12 meses e prevê um novo ano movimentado. “O aumento foi de 100%”, diz o pecuarista, que também exportou animais para estados como Mato Grosso e Minas Gerais. “Para o próximo ano, quero dobrar novamente o número de animais a ser comercializado”, completa.
No Canchim Itamarati, o crescimento nas comercializações foi tão grande que no ano passado, devido ao ritmo acelerado acima do esperado, a partir do mês de setembro o criador Luiz Carlos Dias Fernandes se viu obrigado a contingenciar vendas na fazenda para não correr o risco de ficar sem touros para assumir os compromissos já firmados com leilões. “Neste início de 2014, comparando com o mesmo período do ano passado, vendemos 450% a mais de touros”, diz.
Para Dourivan, o motivo de tanta procura é reflexo do conhecimento que os pecuaristas “cruzadores” vêm adquirindo sobre o touro Canchim. Conhecimento esse que é resultado de uma maior agressividade em busca de mercado adotada pelos criadores da raça nos últimos anos, através da realização e divulgação de atividades e eventos como dias de campo, leilões e provas de desempenho. “Essa postura tem contribuído muito para divulgar o Canchim”, afirma Dourivan.
É a essa divulgação maciça e, principalmente, aos leilões, que facilitam o pagamento e permitem que os lotes adquiridos sejam entregues na propriedade mais próxima do comprador, que Raphael de Freitas atribui o sucesso de vendas de seus animais para outros estados. “Minha fazenda vende, predominantemente para a minha região, o chamado Bolsão Leste de Mato Grosso do Sul”, conta, que completa: “Porém, nos últimos anos, através dos leilões com transmissão pela TV, temos vendido em São Paulo, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia”. Freitas, que atuou por vários anos como diretor da ABCCAN, é um dos criadores pioneiros responsáveis pela expansão da raça pelo Brasil. Além de ser idealizador da PCAD (Prova Canchim de Avaliação de Desempenho), ele contribui com a divulgação do Canchim organizando um dos leilões de maior sucesso da raça, o Leilão Canchim Paranaíba, evento que já está em sua 18ª edição e é realizado durante a Expopar (Exposição Agropecuária de Paranaíba).
De acordo com Dourivan, o criador de Canchim sabe que tem um ótimo produto, que a cada dia fica melhor com os projetos de avaliação e melhoria que são realizados, então pode vende-lo com a segurança e certeza de que os compradores ficarão satisfeitos. “Assim, temos que persistir, cada vez com maior ímpeto, nesse trabalho de divulgação das vantagens de se utilizar o touro Canchim em vacas zebuínas e F1”, afirma o pecuarista.
Outra ferramenta eficaz na divulgação do Canchim e seus benefícios é a realização de dias de campo, que permitem aproximar possíveis criadores da raça que tenham curiosidade de saber como trabalhar com seus animais. O Canchim Itamarati realizou seu 1º Dia de Campo em 26 de abril e contou com a participação de 100 pessoas. “O evento teve grande repercussão e já estamos nos programando para o próximo ano”, diz Luiz Carlos. O Canchim Itamarati tem apostado em eventos locais como forma de divulgar sua criação e participado assiduamente de leilões regionais de bezerros. A estratégia já rende frutos, segundo o pecuarista, que revela que existe uma procura excepcional por produtos meio sangue e, recentemente, já é possível sentir o reflexo desse trabalho também no plantel puro.
Mesmo os novos criadores da raça já foram beneficiados com o momento áureo do Canchim. Um bom exemplo é o da Fazenda Barro Branco, propriedade de Carlos Augusto Brandão de Carvalho, localizada em Mercês (MG). Há quatro anos criando Canchim, o pecuarista observou uma crescente procura pelos animais da raça por criadores de Minas Gerais e Rio de Janeiro. “Eles sempre buscam melhoria genética e resultados mais expressivos como ganho de peso, docilidade e rusticidade”, afirma.
De acordo com Carlos Augusto, o reconhecimento da qualidade da raça é tão grande que muitos clientes já reservam a compra de animais antes mesmo do nascimento. “Eles têm certeza de que terão um produto de alto padrão. Nossa experiência com a raça tem sido verdadeiramente surpreendente, praticamente todos os animais que produzimos vendemos rapidamente. Os tourinhos fazem o maior sucesso aonde chegam”, diz.
Melhor opção
Mediante a alta demanda de mercado, os criadores estão investindo no aumento de seus planteis e, para isso, buscam alavancar a produtividade das suas fazendas sem ampliar o tamanho da área de produção, seja por não ter mais espaço para a prática pecuária, seja por preocupação socioambiental. Nesse cenário, os animais Canchim se tornam a alternativa ideal por uma de suas principais características, a precocidade em diversos aspectos. Para Valentin Suchek, diretor de marketing da ABCCAN e proprietário do Canchim Canta Galo (Itapetininga/SP), a pecuária nacional está em uma fase de tecnificação, de busca de produtividade e de agregação de valor. O pecuarista é acossado pelo aumento continuado de custos e pela concorrência da agricultura, sendo forçado a buscar produtividade e resultado financeiro. “O cruzamento industrial tem se mostrado como o grande caminho para agregar valor”, afirma.
De acordo com os criadores associados à ABCCAN, o cruzamento industrial voltou a crescer, ganhou força e, novamente, está sendo encarado como uma ferramenta eficiente para a evolução pecuária. “Os pecuaristas estão se profissionalizando e, com isso, viu-se no cruzamento com o Canchim a melhor opção, especialmente no Centro-Oeste e Norte”, afirma Dourivan Cruvinel. “Cruzamento com Canchim aliado à boa nutrição é igual a menos tempo e, consequentemente, mais lucro” explica o criador.
Mas quando se fala em cruzamento industrial com Canchim, a primeira grande vantagem que surge à discussão é a alta adaptabilidade dos animais em qualquer uma das cinco regiões brasileiras, não existindo outra raça que cumpra tão bem essa função. “É incrível essa capacidade de adaptação do Canchim às diferentes condições climáticas, alimentação e manejo, sendo sempre eficiente, desde que haja fornecimento de energia eficiente”, diz o criador Luiz Carlos, que completa: “É uma máquina de produzir bezerros pesados e rústicos, ideais para recria rápida e acabamento a campo ou em confinamento”.
Para Valentin Suchek, na utilização em cruzamento industrial o touro Canchim tem dois grandes méritos: primeiro a alta libido, vai aonde a vaca vai e tem boa performance na cobertura a campo; segundo, produz bezerros precoces e ganhadores de peso. “Em suma, o touro Canchim, na cobertura a campo, produz mais bezerros, que por sua vez são precoces e mais pesados”, diz.
Valentin ainda reforça a importância do Canchim no repasse da IATF, prática convencional em grandes criatórios que têm cada vez mais uma visão tecnificada e empreendedora da pecuária. São muitas as raças que comercializam sêmen e, a de maior sucesso, é o Angus, lastreado em um programa de marketing de sucesso que consolidou a comercialização das raças britânicas, com vendas de mais de três milhões de doses ao ano para utilização em programas de IATF. No entanto, o touro britânico não suporta o calor para o serviço a campo, aí entra o Canchim como o parceiro complementar no repasse da IATF.
Nessa crescente prática de IATF, busca-se produtividade, precocidade e valor agregado na atividade e, na sequência desses IATFs, mantido o foco na produção de bezerros precoces, há a necessidade de repasse das vacas vazias, bem como do aproveitamento das fêmeas cruzadas. “Sendo a taxa de sucesso de IATF em 50%, para repasse de 1,5 milhão de vacas vazias há necessidade de 50 mil touros; na sequência, para as cerca de 750 mil fêmeas cruzadas F1 Nelore-Angus há necessidade de sêmen para produção de bezerros Tricross”, diz o criador, que completa: “Se o Canchim perseguir a complementação desse programa de IATF, o potencial de mercado para touros da raça é gigantesco. E existem outras frentes que podem ser exploradas. Eu não tenho dúvidas que o cruzamento industrial veio para ficar, continuará ganhando importância e a demanda por bons touros Canchim depende mais da oferta do que da demanda, pois demanda sempre existirá”.
Experiência com produtos Canchim
Pecuarista há cinco anos, Adilson Prigol Junior, 32 anos, assumiu a Fazenda Modelo, localizada no Município de Japorã (MS). “Conheci a raça Canchim através de meu pai. Na época ele precisava constituir um plantel e procurando fêmeas em algumas fazendas conheceu alguns touros Canchim”, diz. “Depois de observar o resultado dos animais, resolveu apostar na raça e acabou comprando 12 touros”, completa. Com a perda do pai, em 2008, Adilson se viu obrigado a assumir os negócios da família, bem como a paixão pela fazenda e pela pecuária. Ele procurou se atualizar através de cursos direcionados na Embrapa Gado de Corte de Campo Grande (MS). Em 2009, começaram a nascer animais de cruzamento industrial dos touros Canchim que o pai de Adilson havia comprado e o pecuarista pôde perceber pessoalmente a diferença em relação aos animais zebuínos. “São animais resistentes a doenças e a parasitas, mais independentes, de temperamento mais dócil, mais precoces e com maior peso à desmama. Notei também a transmissão de carcaça do touro para o bezerro, principalmente da parte posterior, onde ficam os cortes de carnes mais nobres”, completa.
De acordo com Adilson, que adquire animais Canchim em leilões virtuais pela televisão, desde que tenham a chancela do Geneplus e da PCAD, a procura por animais com as características da raça é muito alta, fator que o fez, em 2011, adquirir mais reprodutores. “Escolhi o Canchim por unir a rusticidade e a precocidade, pela boa performance de cobertura a campo, existência ao calor, precocidade no ganho de peso, alta fertilidade, rendimento de carcaça, qualidade da carne e pela boa conversão alimentar que é mais exigida em períodos de estiagem”, afirma.
Em sua propriedade, Adilson utiliza o sistema de monta natural, realizando dois tipos de cruzamento industrial, o F1 e o Tricross, sendo que os produtos Tricross são ainda mais pesados que os F1, em torno de 5% a 10%. “Mas o principal fator é o índice de prenhez que estamos atingindo com os touros Canchim, sendo que nossa média é de 89%”, diz o criador, que, para manter o índice, está fazendo um descarte de 12% a 15% das matrizes, tirando as vacas “falhadas” e outras pelo fenótipo, renovando, assim, seu plantel a cada oito anos.
No município de Pimenta Bueno (RO), o pecuarista Antônio Augusto Polizello, há 30 anos no ramo, comanda uma fazenda de seis mil hectares com três mil matrizes, onde ele realiza o chamado ciclo completo: cria, recria e engorda. Antônio Augusto conheceu a raça por intermédio de um criador da região e, há cerca de 20 anos, deu continuidade à criação encerrada pelo amigo. A precocidade e a rusticidade da raça o levaram a utilizar touros Canchim no cruzamento industrial com vacas Nelore. “Quando vamos adquirir os reprodutores, optamos por comprar de criadores selecionados, associados primeiramente, que tenham um plantel de renome com touros ganhadores de prêmios”, diz o pecuarista. “A qualidade genética é o fator principal para nossa compra”, completa. No cruzamento industrial, ele atestou o que todos os criadores de Canchim sempre falaram sobre os produtos da raça: precocidade, rusticidade, resistência a pragas e excelente ganho de peso.“Tive experiência de cruzamento com Aberdeen Angus e, no visual, não há diferença com o Canchim, porém esse tem ligeira vantagem devido à resistência ao calor e a carrapato”, diz. “Além disso, o bezerro Canchim tem ganho de peso 15% maior após o desmame”, completa. Antônio ainda ressalta a importância do Canchim no cruzamento industrial para a evolução da pecuária brasileira. “Nós vivemos de produção de carne e o Canchim não para de ganhar peso nunca, é um boi que você abate com 480 kg ou 600 kg, é a única raça que não para de ganhar peso nunca”, diz o pecuarista.
Já Marcos Oliveira está na pecuária desde 2007, quando iniciou a atividade com vacas e touros Nelore na região de Conchas e Pereiras (SP). Mais tarde, migrou para o cruzamento com Canchim e hoje conta com 90% dos seus touros sendo da raça, com expectativa de passar para 100% nos próximos seis meses. A história de Oliveira com o Canchim começou quando ele, cansado de ter sua bezerrada depreciada na hora da venda, resolveu procurar uma raça que pudesse lhe proporcionar qualidade. “Conseguimos ser diferentes através do cruzamento com touros Canchim, que nos ajudou com a melhora dos resultados”, afirma o criador, que tem como principal objetivo produzir bezerros de qualidade que lhe permita obter valor agregado.
Hoje, bezerros que eram vendidos a R$650,00 são comercializados em torno de R$ 1.000,00. “E ninguém se arrisca a por defeito, isso é o mais importante”, diz Marcos, que completa: “Somos procurados por vários pecuaristas que buscam bezerros e, infelizmente, não estamos conseguindo suprir a procura. Está na hora de aumentar o rebanho e não tenho medo de investir se for necessário”.
“Em time que está ganhando não se mexe, só se contratam jogadores melhores”, brinca Marcos, que desde que trocou o Nelore pelo Canchim no cruzamento industrial não pensa em mudar de forma alguma. “Antes nasciam uns bezerros bonitos e barbeludos, que na hora da venda não agradavam tanto, mas, agora, com o Canchim, logo na primeira remessa a história começou a mudar de conversa. Conseguimos bezerros pesados e de excelente qualidade”, afirma.
Na pecuária há 32 anos, outro consumidor de Canchim que se destaca no mercado é Alexandre Pimentel, que conta com cerca de 800 matrizes em uma propriedade com mais 2.200 hectares. O pecuarista conta, em sua propriedade, com vacas comuns e Nelore PO, fazendo cobertura com touros Nelore, Angus e Canchim. “Minha preferência é pelo Canchim, pois resulta em animais dóceis que apresentam precocidade e vigor sexual. Os bezerros nascem pequenos, porém espertos e apresentam respostas rápidas pósdesmame”, explica.
Rogério Cavalcante, pecuarista há 20 anos, também está realizando cruzamento industrial com touros Canchim em suas duas fazendas localizadas no Rio de Janeiro. Com experiência no cruzamento de animais de sangue Senepol e Brahman, Rogério prefere o Canchim pela sua natureza mais rústica e precoce. “Até o desmame, os animais de sangue Senepol, Brahman e Canchim possuem evolução parecida, entretanto os de sangue Canchim pós desmama continuam mantendo a boa evolução no ganho de peso, enquanto os outros têm uma evolução mais lenta”.
Desafios para o futuro
Um dos grandes empecilhos para que o touro Canchim seja expandido por todo o Brasil é, sem dúvida, a logística, uma vez que os fretes rodoviários pesam no bolso dos consumidores ao encarecer os produtos. Assim, a venda de um ou dois animais para locais distantes é praticamente impossível, algo que, aos poucos, vem se modificando com os leilões, que possibilitam ao criador retirar sua compra em qualquer um dos vendedores participantes do evento. “Mas isso ainda é muito pouco e uma melhoria maior só será alcançada quando se venderem cargas fechadas, com maior frequência, que, atualmente, e com a paulatina valorização de nosso produto, que fará cair, em termos relativos, o peso dos fretes no custo final”, afirma Raphael de Freitas.
Nesse cenário que se apresenta é de extrema importância que o Canchim conte com novos associados que irão contribuir para divulgar os benefícios da raça e, claro, ter o benefício de poder utilizar uma genética especial e diferenciada no seu plantel. “O objetivo do canchinzeiro é a venda de touros da raça. Temos hoje cerca de 10 mil matrizes registradas em programa de produção, o que pode resultar em uma produção na ordem de 4 mil tourinhos/ano”, diz o diretor de marketing da ABCCAN. “Só a complementação dos programas de IATF com raças britânicas tem potencial para uma demanda de cerca de 50 mil touros para simples repasse, sem contar a necessidade de touros para monta e repasse de fêmeas F1”, completa.
Por si só, os números indicam a grande oportunidade a ser explorada por novos criadores que queiram se tornar canchinzeiros e atender mercados regionais de touros, especialmente nas regiões da fronteira da pecuária. “É uma raça de fácil trato e manejo, com animais rústicos que podem ser criados onde se cria gado comum, com a vantagem de que poderão ser comercializados por um múltiplo do valor de gado de corte”, diz Valentin.
Visando contribuir ainda mais com os excelentes índices do Canchim, o criador Léo Maniero, da Fazenda Ipê Amarelo, de Grajaú (MA), idealizou um projeto com foco no cruzamento industrial, que tem o Canchim como principal alvo. “O motivador para criar esse projeto foi a convicção de que os resultados obtidos com o cruzamento industrial são sensivelmente superiores àqueles obtidos em projetos convencionais”, diz Léo, que completa: “Além disso, um projeto de cruzamento industrial é a forma de se conseguir entregar boi gordo ao mercado com 18 arrobas acima, e até 20 arrobas antes dos 24 meses de idade, a pasto, embora os nossos ainda precisem de alguns ajustes para chegar nesse desempenho”, completa. Somados ao crescimento do cruzamento industrial, os índices comprovados do Canchim e a criação de programas colocam a raça em um patamar superior em relação às demais. “Erros vivenciados pela raça no passado, como, por exemplo, deficiências na pigmentação e insuficiência na gordura de acabamento, há um bom tempo estão definitivamente superados, e isso se deu com muito trabalho, muita autocrítica e competência”, diz o criador.
Diante do cenário de crescimento de produção de carne no Brasil, a raça Canchim tem uma contribuição de extrema importância na consolidação do País como referência mundial na produção de carne, acrescentando as suas qualidades intrínsecas que permitem disseminar a melhoria genética para o gado de corte brasileiro e mundial.
“O Canchim tem motivos de peso e de sobra para prosperar a pecuária brasileira. Faz parte do renomado programa de aprimoramento genético GenePlus, é uma raça 100% brasileira, desenvolvida e pesquisada por uma entidade com reconhecimento e respeito internacional, a Embrapa”, diz o criador Carlos Augusto Brandão de Carvalho. “Além disso, o mercado mundial está cada vez mais exigente e disputado, forçando os produtores a competir através do ‘diferencial’ de seu produto. Nesse sentido, o Canchim apresenta-se como uma excelente opção e uma das melhores alternativas para o país liderar o mercado do agronegócio da carne e prosperar nesse ramo”, finaliza. ■
Fonte: Revista Canchim 2014