5ª Convenção do Canchim termina com incentivo à classe produtiva
Evento simboliza a sinergia entre a pesquisa e o campo, colocando o Canchim como ferramenta para uma pecuária produtiva e mais rentável.
Marcada por discussões de alto nível técnico, a 5ª Convenção Nacional da Raça Canchim realizada entre 22 e 23 de março, na sede da Embrapa Pecuária Sudeste, terminou com projeções otimistas, tanto sobre a expansão da raça em centros produtores no Brasil e no exterior, com novidades no âmbito da integração entre a pesquisa e o setor produtivo. O evento contou com a presença de técnicos da Embrapa, diretoria da ABCCAN, criadores e técnicos da raça, empresas do setor privado, representantes do governo e de centrais de sêmen, que discutiram a reaproximação entre as entidades ABCCAN e EMBRAPA e setor produtivo para colocar em prática diferentes trabalhos de pesquisa e fomento para desenvolvimento ainda maior do Canchim.
O painel de apresentações técnicas foi direcionado para discussões importantes da raça, a começar pela construção da base genética da raça na Embrapa e suas contribuições para o atual biotipo funcional e produtivo do Canchim, além da apresentação de trabalhos correlacionados ao controle de ectoparasitas e resultados da termo tolerância associada à eficiência reprodutiva de machos jovens.
Porém, o ponto alto do evento, segundo organizadores, foram questões relacionadas à cadeia produtiva da carne, segurança alimentar e o trabalho dos criadores em oferecer volume com qualidade, a custo competitivo. Dados apresentados pela Beef Selection, empresa responsável pelas avaliações de carne e carcaça da PCAD (Prova Canchim de Avaliação de Desempenho) mostraram a eficiência do Canchim na produção de carne de maior qualidade e a contribuição da raça para que o Brasil atinja mercados mais exigentes. A pesquisa, realizada com 831 animais avaliados por ultrassonografia de carcaça entre 2014 a 2017, somou 2.067 aferições realizadas em animais com idade média de 14 meses, inteiros, e com dieta balanceada com níveis “modestos de energia e proteína” para preservar a integridade dos futuros raçadores, chegando a valores de 88,74 cm2 de Área de Olho de Lombo, cerca de 4,50 mm de Espessura de Gordura Subcutânea, com níveis de marmoreio médio de 2,70, valor muito acima da média Brasil, hoje, em torno de 1,50.
Do ponto de vista produtivo, pode-se afirmar que animais com valores dessas de AOL superiores a 75 cm2, ao abate, apresentam elevados rendimentos de cortes cárneos na indústria frigorífica, segundo Piotre Laginski, criador no Paraná e palestrante no evento. O criador utiliza a raça em sistema de confinamento com animais que, em casos especiais, já atingiram até 67% de rendimento de carcaça, abatidos em torno de 14/15 meses de idade com média de 19/20 arrobas. Laginski apostou neste sistema há 10 anos por perceber que em uma pequena parcela da fazenda poderia faturar mais em relação ao cultivo exclusivo de grãos. “No começo acreditávamos que os resultados poderiam ser maiores, hoje, temos certeza, principalmente quando se utiliza uma raça de alta eficiência”, disse o produtor em sua palestra.
Na avaliação de Valentin Suchek, diretor de marketing da ABCCAN, muito além dos resultados práticos, o evento mostrou o enorme potencial do Canchim e sua contribuição para a pecuária de corte, a começar pelo aumento da rentabilidade do negócio. Bom exemplo é o Programa 1953, lançado recentemente pela JBS, que prevê a bonificação frigorífica para animais cruzados com até 50% de sangue taurino. “O Canchim pode fazer isso colocando touros Canchim em femeas F1 Angus no cruzamento com vantagens adicionais sobre outras raças. Tivemos bons exemplos de aplicação e saímos extremamente otimistas com relação ao futuro”, avalia. Adriano Lopes, presidente da entidade, acrescenta: “A convenção simbolizou uma importante e necessária parceria entre a Embrapa e a ABCCAN, mostrando o quão produtivo e enriquecedor pode ser o reencontro de duas instituições na identificação de demandas e novas possibilidades para a raça”.
O evento realizou 11 palestras técnicas, além do dia de campo na Fazenda Experimental da Embrapa que mostrou aos participantes touros de diferentes linhagens, além da aplicação do Canchim em pesquisas de pecuária que aliam bem-estar animal e pecuária de alta precisão em sistema de ILPF. Estiveram presentes cerca de 100 pessoas, incluindo pesquisadores, técnicos e criadores de vários estados do País. Marcaram presença também Rui Machado, Chefe Geral da Embrapa Pecuária Sudeste, além de Maria Eugênia Mercadante, pesquisadora do Instituto de Zootecnia (IZ), de Sertãozinho, SP, que representou a Secretaria do Estado de São Paulo na convenção.